CARTA A UM AMOR DESCONHECIDO

 





Carta a um amor desconhecido



Quando meu coração te encontrar, saberei que és tu o  meu amor. 

Nossos olhos tocar-se-ão. 


Perderei meus olhos nos teus, tu perderás os teus, nos meus. 

Terás o cabelo quase liso, já marcado com a garoa do tempo, 

e teu rosto também trará as marcas da vida e ainda assim será belo. 


Teus lábios, um pouco secos, me dirão que amas o vento 

e tua pele será prova de que amas o sol. 

Teu cheiro será agradável para mim.


És mais alto que eu. 

Um pouco. 


Traz nos olhos o azul do céu, ou o esverdeado das águas do mar. 

Poderão também ser castanhos, os teus olhos. 

Não importa, amarei teu olhar mesmo assim.


Tu amas a vida e amas vivê-la intensamente. 


Gostas de cantar, de dançar no meio praça, 

se assim quisermos, tens prazer em conversar e olhar nos olhos. 


Teu amor à vida é como o meu. 

Não precisamos dizê-lo. 

Sentimos.


Gostas de aprender. 

És um eterno aprendiz, por isso vibras com o novo, 

com as possibilidades, como eu.


Saberei que és tu o meu amor. 

Meu coração saberá. 

Mas o humano em nós precisará de tempo para que nos conheçamos. 

Tempo para confiar, embora já sejamos familiares há milênios! 

Precisaremos, mesmo assim, de tempo.


Pouco a pouco, descansaremos as mãos, um no outro, 

e andaremos como dois jovens amantes.


Precisaremos de algum tempo para nos habituarmos a ver, pela manhã, o nosso amado, ao lado, entregue, sem defesas.


Precisaremos de tempo para viver o pleno amor que já temos há muito tempo.


Quando nos encontrarmos, saberemos quem somos. 

Quando eu te encontrar, saberei quem eu sou. 

Quem és tu?


06 DEZ 2014






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